O historiador, professor e poeta, João Passos, da cidade de Cocal (Norte do Piauí), presta sua homenagem à cidade de Viçosa do Ceará (CE).
Viçosa de luto
Ah! Viçosa, cidadezinha encantadora da serra do Ceará.
Princesa
Ibiapabana, linda como é, na região, não há.
De teus encantos: casarões, ruas, praças e monumentos.
Fostes erguida num patamar e desfila majestosa pela
passarela do ar.
Tuas lendas indígenas, teu lindo e rico boqueirão.
É tua sina ser bonita, faceira, delicada flor do sertão.
Das nuvens que se afinam como o branco do Algodão.
Das escadarias que
te leva as portas da ostentação.
Imagem: João Passos |
Cidadezinha, Viçosa do Ceará, que tem ligação com o altíssimo.
Nos degraus entre flores, serras e grandes palmeiras a balançar.
Nas escadarias, o santíssimo, de braços abertos a te
abençoar.
Buscando do alto a
magia, o encanto e a alegria deste pomar.
É madrugada, no singelo momento de agonia, as lágrimas do
céu caíam.
Silenciosamente, um manto branco e frio de nevoa cobria o lugar.
E aquecia aqueles que, com a proteção de Cristo, na noite
dormiam.
A grande estátua de braços abertos, na madrugada, ao chão desabou.
Nos primeiros raios de sol, uma cidade perplexa, atônita
acordou.
Meio ao grande barulho, na madrugada, vindo do
desmoronamento.
A notícia, rapidamente, espalhou-se pelas ruas, ruelas e
praças a lamentar.
Os céus choraram convulsivamente a perda do oráculo e
nuvens escuras cobriram o altar.
Seus filhos, olhavam incrédulos para o alto entre a
neblina celestial.
O Cristo de braços abertos não mais estava lá, a
contemplar a cidade.
Desceu a terra, postou-se ao pé da serra, do fato
sacramental.
Caminhou contra o vento e tombou ao pé da incredulidade.
Agora, uma escada leva a um céu sem Deus, uma igreja sem
céu, e um alto sem bênção.
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Imagem: Evaldo Neres |
Autor: João Passos